segunda-feira, 8 de agosto de 2011

“Minha vida sempre foi trabalhar e ajudar as pessoas, é isso que me traz felicidade”

Plantas, vasos, espaço livre e até mesmo um cachorro é o que as pessoas costumam ter no quintal de casa. Mas Maria Aparecida dos Santos sempre teve um quintal nada convencional: quando abre a porta do seu pequeno quarto, encontra os túmulos do Cemitério da Saudade de Machado - MG. Ela nasceu em 4 de fevereiro de 1939 e quando ainda era bebê seus pais se mudaram para uma casinha ao lado do cemitério. O sonho do pai de Maria era que ela seguisse a sua profissão: coveiro

Aos oito anos de idade ela teve o primeiro contato com defuntos, fez uma remoção de ossos e depois disso não parou mais de ajudar ao pai. Estudou até o 4° ano primário e conta que seu grande sonho sempre foi ser professora, mas após a morte do pai assumiu todos os serviços dele. Dessa maneira surgiu a Maria do Cemitério, uma pessoa conhecida em toda a cidade.
“...o que assustava as pessoas era o fato
de uma mulher viver no cemitério
e não ter medo”. 


Ela se casou duas vezes, teve dois filhos do primeiro casamento e oito do segundo. Depois que seu segundo marido faleceu Maria não quis mais ninguém na vida, e dedicou todo o tempo para cuidar do cemitério. Além disso, também desenvolveu um trabalho junto aos andarilhos do município. Ela os tirava da rua e mandava para suas cidades de origem, aos domingos também ajudava fazendo revista nas mulheres que iam fazer visita na cadeia. 

Ela conta com muito orgulho que não realizou seu sonho de ser professora, mas se elegeu vereadora em 1999 com 432 votos e fez um trabalho importante junto a comunidade. Já participou de vários programas de TV como como Jô Soares, Hoje em Dia, Ratinho. 

“Maria do Cemitério
é uma personagem que interpreto." 


Muitas histórias engraçadas já aconteceram no cemitério...

 “Um senhor entrou no cemitério sozinho
e eu fiquei atrás do túmulo,
de repente eu sai de trás e ele levou maior susto.” 

Em novembro de 2002, ela foi homenageada pela comunidade machadense com um busto de metal que fica acima do seu futuro túmulo. E quando se fala em morte ela logo anuncia:

“Não quero ninguém chorando no meu velório, 
tem que ter muita música,
dança, todo mundo alegre”! 


Hoje com 72 anos, Maria já está aposentada, mas sempre dá um jeitinho de continuar trabalhando. 
 
 
“Minha vida sempre foi trabalhar e ajudar as pessoas, é isso que me traz felicidade”.

1 comentários:

Fanzine Episódio Cultural disse...

Donzelas do Apocalipse

Sem pai, sem mãe,
Sem leite materno...

Seu estômago vazio
Pediu por comida:
Com uma arma carregada
Roubou uma vida.

Escondia-se na escuridão,
Disfarçava-se na luz.
Foi a uma igreja...
Rezar, pedir perdão?
Não! Para roubar um pedaço de pão.

O mundo o condenou.
Amor e carinho
Jamais encontrou.

A sociedade o execrou,
A margem da vida o adotou.
Foi condenado a percorrer
Um longo e tortuoso caminho:
O seu exílio.

Mas, não estava só!
De ambos os lados,
Lindas e afrodisíacas donzelas
O seguiam:

A angústia e a fome
A solidão e a morte.

Do livro (O ANJO E A TEMPESTADE) de Agamenon Troyan.
Contate o autor:
MSN: machadocultural@hotmail.com
Skype: tarokid18
E-MAIL: machadocultural@gmail.com

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